sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sexo por acidente



Era noite. Saí com algumas amigas à procura de diversão. Risos e conversas banais. Naquela noite, nada de sexo como o início do texto erroneamente o alerta. Paramos o carro em frente à casa de uma amiga. Um som para alegrar o ambiente deveria despertar meus sentidos mais evangelicamente puros. Mas sou católico-às-vezes-praticante, lembro. E a tentativa de dar uma aura santa ao carro não passou de tentativa.

Falávamos de um acidente que ocorrera na cidade. Interior é assim, acontece um dia e é motivo para especulações durante o mês que segue. Não fazia mês, mas talvez um ou dois dias. Então me vi no direito de puxar tal assunto sem parecer aquelas fofoqueiras-empregadas-de-janelas-de-becos. Um motorista qualquer, desses de 65 anos, que dirigia uma Kombi da prefeitura local e alguns alunos-crianças de 6 a 10 anos são as personagens dessa estória. A Kombi, vale ressaltar, também é uma personagem. Aliás, a principal.

Era tarde. Mais crianças que cintos de segurança. Uma curva. O motorista idoso. A velocidade. Os braços fracos tremem. A Kombi desgovernada. Um acidente. O veículo capotou e por metros se arrastou. E, como se fosse ironia, o cinto de segurança que não segurava um dos alunos de 6 anos deixou-o escapar pela tangente que coincidia com o vidro entreaberto da Kombi. Espaço diminuto, mas aluno diminuto. Como se diz os mais velhos, “cada mão para sua luva”.

Não bastasse a experiência de o aluno voar, ação que somente se concretizava em seus sonhos infantis, eu disse anteriormente que a Kombi se arrastou. Em direção ao menino! E ali permaneceu, sobre ele.

E o aluno-criança que não se acostumara com o ritmo exagerado de ensino da escola havia reclamado para a mãe: “-Mamãe, a escola tá tão pesada, que mal tô conseguindo respirar”.

A música acabou. Pensei em sexo, motivado pelo humor negro.

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