sexta-feira, 3 de abril de 2009

Gato



- Um dia eu te mato!

Como eu queria que entendesse o que eu estava falando. Tanta ira ia e vinha no meu sentimento. Pensava em prendê-lo num saco ou coisa parecida e jogá-lo longe de tudo e de todos para falecer sozinho, abandonado. Quisera ter um saco no momento. Quisera também ter coisa parecida.

Por que o meu prato de comida? Havia três, um ao lado do outro. Acho que com eles também funciona aquele pensamento longínquo na memória, tão típico aos humanos, de se escolher o que está no meio. Um mágico sempre esconde a moeda no copo do meio. Pode embaralhar os copos que a moeda persistirá no meio. Caso não esteja ali, saiba que a vontade do mágico era de mantê-la naquele lugar. Porém precisa enganar o público, então a coloca à direita ou à esquerda. Entretanto o animal escolheu o prato do meio, sem saber o que é copo. Sem saber o que é prato. Sem se dar conta de que era mágico.

Meia hora eternizada em tantos xingamentos naquele prato. O bife, o ovo frito, a salada temperada, o purê de batatas, o arroz e o feijão. Completei com farinha já que tinha pouca comida para tanta fome. Dizia a mãe de uma “amiga” minha: -“Completa com farinha que enche... e como”! E come? Não! Aquilo não era um verbo conjugado em primeira pessoa. Porque naquela noite houve comida, mas não houve o “Eu como (!)”.

O gato comeu minha janta.

Um comentário:

  1. Dois pontos de exclamação a menos e teria atingido a perfeição. De qualquer forma, perfeita foi a descrição/constatação tão real sobre o pensamento de escolhermos o meio. É o tipo de coisa que a gente não se dá conta, mas quando lemos num blog sobre, concordamos na hora.

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