sexta-feira, 3 de abril de 2009

Rubor



Não é uma continuação do conto sobre a perda do celular da minha avó. Mas aconteceu simultaneamente. Porém como o assunto é outro, pede-se outro texto. Assim como a mudança de informação pede outro parágrafo. Merda, sempre tive dificuldade em separar parágrafos em uma redação. Chega de flashbacks.
Eu estava de frente à minha casa, voltando da minha avó. Antes de achar o Vivo em seu períneo, ela veio com o papo que sempre deixa o neto sem graça. Parece coisa de novela, avó moderna, mas não é. Essas coisas da Globo acontecem realmente.

Ela estabeleceu um monólogo sobre sexo. Contando experiências, ou falta delas, e perguntando as minhas. Contudo, foi um monólogo, pois o gato comera minha língua. Maldito gato, mais uma vez em minha vida! Bastava comer meu jantar noite passada. Lembrei das monitorias em Psicologia, dos relatórios que eu fazia, analisando uma idosa. Ela falava tão abertamente sobre sexo comigo e eu não sentia vergonha alguma. Não sei, mas senti o peso de quem inventou todos os relatórios daquela disciplina. Eu não tinha observada. Ela não falou sobre sexo. Ela não tirou minha vergonha. E tantas vezes perguntei o motivo de se estudar tudo aquilo.

Com tênis, camisa e moto vermelhos e apenas uma calça jeans azul, meias e cueca brancas, fugi daquela conversa. Queria meu quarto. Queria não sentir vergonha. Queria não precisar falar sobre sexo com minha avó. Estabeleci uma inversão: minha avó moderna, e eu ultrapassado. Chegando à minha casa, estacionando a moto na garagem, um amigo do ginásio comenta:

-Nossa, você está tão vermelho hoje!

Sinto que ele não falou do tênis, ou da camisa, ou da moto. Minha vergonha estava estampada no rosto. Tudo por causa do gato.

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